Anuário da Indústria de Implementos Rodoviários 2018

102 A s startups, empresas iniciantes de base tecnológica, chegaram nas estradas. Tarefas muito importantes para o dia a dia de caminhoneiros e empresas de transportes já possuem soluções tecnológicas para economizar tempo e dinheiro de todos, e com preços acessíveis. São as chamadas autotechs. Em estudo so- bre esse setor no Brasil a aceleradora Liga Ven- tures, em parceria com a consultoria Lunica, analisou no segundo semestre de 2017 um total de 5.420 startups. Foram encontradas 193 au- totechs , sendo que a maioria, 28%, focadas em logística e transporte. Atualmente essas empresas têm soluções de gestão e cotação de fretes, gestão de frotas, last-mile delivery (rotas finais de entrega), lo- gística reversa, entregas, rastreamento, rotei- rização e trucking (busca, alocação e gestão de cargas em veículos pesados). O cenário brasileiro estimula os empreen- dedores, segundo Daniel Grossi, cofundador da Liga Ventures. Ele comenta que o transporte ro- doviário, principal modal de transporte de cargas no País, tem uma malha rodoviária extensa, mas ainda com vários problemas de infraestrutura. Estudo aponta que o custo logístico no Brasil equivale a cerca de 12,7% do PIB, o que corres- ponde a aproximadamente R$ 749 bilhões. Sendo que o transporte é o pivô desse custo, com 6,8% do PIB (R$ 401 bilhões). Depois o custo logístico é complementado com estoque de produtos, arma- zenagem e custos administrativos. “O Brasil é um país de dimensões conti- nentais que se locomove por meio das estradas. O transporte rodoviário responde por mais de 60% das cargas transportadas. Há sim, dentro deste contexto, muitas oportunidades ligadas a ineficiências, problemas de infraestrutura e in- formalidade do setor de transporte rodoviário. Mas há também muitas oportunidades que sur- gem porque este é um setor que está se digitali- zando agora”, afirma Grossi. Nesse contexto existem problemas tan- to no transporte de carga de longa distância quanto nas entregas urbanas. O chamado tru- cking engloba o primeiro tipo. O estudo da Liga Ventures aponta que a característica brasileira desse ambiente é que o transporte de carga é feito, na maioria das vezes, por caminhonei- ros autônomos – são cerca de 1 milhão. Então conectar o caminhoneiro à carga é o mote das startups que atuam no transporte de carga de longa distância, chamado long haul e FTL, o full truck load. Uma das companhias que oferecem esse serviço é a TruckPad, que funciona como um aplicativo. Ao baixar o app no smartphone, o motorista se cadastra e informa seus dados bá- sicos, as características de seu caminhão, cursos que possui, entre outros. Na outra ponta, as em- presas que necessitam de um transporte de car- ga também têm suas necessidades listadas no ambiente digital, mas em versão para computa- dores. Assim, o sistema conecta as demandas de serviço com os motoristas disponíveis. “Somos um marketplace. Por trás, existe todo um trabalho de algoritmo com o perfil e histórico do caminhoneiro para recomendar as ofertas de carga, acompanhar localização e até a possibilidade de um chat para comunicação com o autônomo durante o trajeto. O TruckPad também disponibiliza uma sala de embarque no terminal de cargas na intersecção das rodovias Fernão Dias e Dutra para orientar o cliente e dar treinamentos aos caminhoneiros usuários do sistema”, explica o CEO Carlos Mira. O serviço de conectar os fretes é gratuito. A receita do TruckPad vem das parcerias firma- das com grandes players da indústria automo- bilística e de empresas tecnológicas que usam a inteligência logística do aplicativo para se comunicarem com os motoristas nas estradas e promoverem suas marcas. “É comum que os caminhoneiros cheguem até o aplicativo porque não encontram uma car- LOGÍSTICA | LOGISTICS | LOGÍSTICA

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