Anuário da Indústria de Implementos Rodoviários 2020

21 dirigentes das então 10 principais empresas do setor se reuniram em Caxias do Sul (RS) para formar uma associação que objetivava cuidar dos interesses coletivos do setor e ampliar sua representatividade e prestígio. Conseguiram, não há dúvida disso. Basta saber que agora compartilham os mesmos prin- cípios e objetivos mais de 130 associadas e cerca de 900 empresas afiliadas, sejam de micro, pe - queno, médio ou grande porte. “No início havia uma certa incredulidade das empresas porque a cultura do associati- vismo não era tão difundida. Com o passar do tempo o mote ‘unidos somos mais fortes’ foi ganhando terreno. Nesse processo, a própria ANFIR procurou ser bastante atuante e criativa em seu papel de representante do segmento”, ilustra Norberto Fabris, presidente da entidade. Agora todo esse parque fabril, localizado em 17 estados, conta com 45,5 mil funcionários e capacidade produtiva instalada da ordem de 215 mil implementos anuais. Na última década, apesar da crise que der- rubou a economia brasileira a partir de 2015, o setor colocou nas ruas e estradas brasileiras nada menos do que 1,4 milhão de implementos e exportou outros 45 mil para mais de duas de- zenas de países de quatro continentes. Localida- des tão distantes como o Camboja, na Ásia, ou a Holanda, na Europa. Só no ano passado foram negociadas no mercado interno 120,5 mil unidades, 33,6% a mais do que no ano anterior, além de outras 2,7 mil que seguiram para o exterior. Esse desem- penho representou receita da ordem de R$ 5,1 bilhões. As vendas internas cresceram quase 34% sobre 2018, quando foram licenciadas 90,2 mil unidades. Acima, portanto, de projeções ante- riores da entidade, estimadas entre 20% a 25%. Como no mercado de caminhões, os pro- tagonistas desse salto da indústria de imple- mentos são os pesados. Em 2019, reboques e semirreboques acumularam 63,5 mil emplaca- mentos, volume 42,1% superior ao apurado em 2018, de 44,6 mil unidades. Os negócios repre- sentaram mais de 52% das vendas totais. Com a bagagem de quase 50 anos atuando no setor, Fabris conhece muito bem a dinâmica do mercado e julga que o resultado do ano pas- sado reflete ritmo positivo da economia, embora ainda aponte um desequilíbrio entre o campo e a cidade em virtude do desempenho apresenta- do pelo segmento de Carrocerias sobre Chassi. Os produtos da chamada linha leve so- maram pouco mais de 57 mil unidades, alta de 25,3% em relação às 45,5 mil carrocerias nego- ciadas em 2018. Ainda assim, a ANFIR aponta que historicamente a proporção de vendas é de 1,8 a 2 carrocerias para cada reboque ou semir- reboque negociado. “Isso mostra uma demanda reprimida”, avalia Fabris. “Devido a essa relação, acredita- mos que os negócios relacionados às operações urbanas ainda podem crescer mais.” Há, assim, a clara percepção de que 2020 dará continuidade à recuperação iniciada de forma mais palpável a partir de 2018. Fabris, contudo, prefere ainda não estimar números absolutos, mas considera nova variação positiva de dois dígitos. “Toda queda de mercado é muito rápida, enquanto sua retomada é sempre ummovimen- to mais lento. Mas a atual curva positiva está se desenhando de forma consolidada, o que indica que poderemos ter um ano muito bom para a indústria de implementos rodoviários.” Se os anos mais recentes, assim, foram de recuperação, também serviram para o aprimora- mento e depuração das atividades, profissionali - zação das próprias empresas e executivos do setor. “A crise foi a consultoria mais cara que a indústria poderia ter tido”, pontuou Alcides Braga, cujo segundo mandato como presidente da ANFIR, de 2015 a 2018, coincidiu exatamen- te com o período mais agudo da crise econômi- ca brasileira e do mercado de implementos. Em 2016, foram negociados 60,5 mil implementos, 38% do que o setor registrara apenas dois anos antes. Ainda assim, prevaleceram neste período esforços para preparar o segmento para a even- tual retomada da demanda, paralelamente à manutenção do trabalho de ampliação da repre- sentatividade do setor, um processo contínuo desde o surgimento da associação.

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