Anuário da Indústria de Implementos Rodoviários 2018

20 O que mudou na indústria de implementos e na própria Anfir após os dois mandatos do senhor à frente da entidade? É importante destacar nesse período o reposicionamento da associação e do próprio setor, com um trabalho muito mais institucional. Construímos muitas pontes com entidades correlatas, como NTC, Simefre, Anfavea, Fenabrave e, claro, com os poderes públicos. Fomos partícipes de decisões mais generalizadas, setoriais, e não apenas ligadas ao nosso mundo dos implementos. O setor já tinha, óbvio, sua importância como sempre teve, mas estava distante das grandes decisões, das estratégias. Imagine que até 2013 éramos apenas convidados a participar da Fenatran, que sempre é uma oportunidade para catalização tanto dos nossos interesses quanto da indústria de caminhões. Mas isso mudou bastante depois de 2015, não? Sim. Se espelharmos a evolução da associação e do setor com as edições da Fenatran de 2015 e 2017 percebemos como construímos um grau de importância muito mais relevante, enfático, nesse segmento. A ponto inclusive de sustentar a edição de 2015 praticamente sozinha... Exato, havia um movimento que estava sendo feito era para não ter aquela edição. Mas pegamos essa bandeira junto com a NTC e fomos a campo. A feira até nos surpreendeu e fez, inclusive, com que algumas montadoras de veículos e empresas de nosso segmento se arrependessem de não ter participado. Enquanto apenas duas montadoras de veículos estiveram presentes, tínhamos 39 implementadores, além das empresas de autopeças. A Fenatran 2015 ficou conhecida como a feira do implemento rodoviário, tanto que recebemos uma placa dos organizadores e da NTC pelos esforços para a realização. E logo no ano seguinte aconteceu a primeira edição da Fenatran Centro-Oeste, outro marco que carregamos nas costas. E esse quadro mudou muito em 2017? O próprio layout daquela Fenatran explicita o reposicionamento de forças. Quando se entrava no pavilhão, os dois primeiros estandes eram das duas montadoras que prestigiaram a edição anterior e logo em seguida, na porção central, um lugar nobre, estavam as implementadoras. Os demais fabricantes de caminhões foram agrupados depois. E mesmo o estande da Anfir teve sua visibilidade equiparada à da Anfavea e de outras entidades. São aspectos simbólicos para refletirmos como se deu a evolução do setor nesse período, que também foi marcado por uma série de ações mais setoriais, objetivas para o setor. Entramos fortes, por exemplo, na coalização para a sustentabilidade veicular. A Anfir foi partícipe da construção da proposta de renovação de frota e da peça legislativa que está em estudo. ENTREVISTA | INTERVIEW | ENTREVISTA O encolhimento de dois terços das vendas em apenas três anos, avalia Braga, feriu de morte algumas empresas, mas forjou um setor que agora está mais bem preparado. “Digo que a crise foi uma consultoria, ainda que com o preço mais alto que os empresários poderiam pagar”, afirma. O ex-presidente da Anfir, contudo, acredita que a indústria de implementos, já redimensionada em tamanho, está agora vacinada contra quaisquer novos cantos de sereia e deva pensar estrategicamente daqui para frente. E aconselha: as empresas precisam pensar no core business, readequar portfólios, centrar esforços na própria vocação e nas regiões nas quais operam. A fase da emoção, do sangue nas veias, ficou para traz.

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