44 TRANSPORTES | TRANSPORTS | TRANSPORTES Dois dos mais experientes executivos do setor de transporte nomeiam 2018 como um momento de continuidade da retomada do setor. José Antonio Fernandes Martins, presidente do Simefre, Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários, e José Hélio Fernandes, presidente da NTC&Logística, estão otimistas, mas o primeiro pondera que o esperado crescimento tem a fraca base de comparação do ano passado e o segundo vê da recuperação dos fretes um desafio imediato. “Há claramente uma recuperação este ano. O mercado, ainda que devagarinho, está retornando”, afirma Martins, que aponta o quadro macroeconômico como a melhor argumentação para o cenário mais positivo que identificou nos primeiros meses do ano e que projeta ser mantido daqui para frente. Ele enfatiza a expectativa de crescimento do PIB da ordem de 3,2% a 3,5%, com a taxa básica de juros no patamar de 6,75%e o índice de desemprego que, embora ainda alto, gira agora em torno de 12,4%, depois de bater em14%no ano passado: “As famílias estão conseguindo honrar mais os compromissos e começaram a consumir um pouco mais. Isso, claro, mexe com o comércio, entrega de produtos e, consequentemente, com o transporte”. Outra frente importante destacada por Martins e que continua a dar bons sinais para a economia e, em particular, para o setor de transporte é o agronegócio. As commodities agrícolas seguem valorizando, soja e milho em especial. “Assim como o petróleo, minério de ferro e a carne, que está com boa demanda internacional. A economia mundial está crescendo”, enfatiza o presidente do Simefre, que recorda que no ano passado o País já comemorou safra de 220 milhões de toneladas de grãos. Esse quadro, diz Martins, tem influenciado positivamente o empresariado, cuja confiança no País aumentou. “Há um clima favorável para as reformas, apesar do adiamento da previdenciária. O governo está trabalhando para diminuir o déficit e já tem resultados importantes como o teto das despesas.” “Com a economia crescendo, aumenta a necessidade não só de carga, mas também de transporte de passageiros. A indústria de ônibus deve avançar de 10% a 15% em 2018, algo semelhante com o que se espera para o segmento de carga.” O presidente do Simefre, porém, faz questão de frisar que, embora os números de crescimento sejam interessantes, derivam de base de comparação fraca. O executivo lembra que o setor de caminhões encolheu algo como 60% no período entre 2014 e 2017, desempenho muito aproximado do que vivenciou a própria indústria de implementos rodoviários. “É uma boa recuperação sem dúvida, mas sobre uma base muito pequena.” O mais importante, porém, é a perspectiva de médio prazo, segundo Martins. “A recuperação em 2018 será modesta, mas consistente com o aumento da empregabilidade, da safra José Antonio Fernandes Martins Simefre © Simefre
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