Anuário da Indústria de Implementos Rodoviários 2021

55 curso. O primeiro fator para se desenhar um ce- nário de crescimento em 2021 é não econômico e se refere ao avanço da vacinação e à reabertura das economias, com a mobilidade favorecendo a retomada do setor de serviços. As demais razões são econômicas. Da- dos os fortes estímulos fiscais e monetários no mundo, já teve início uma nova fase de expan- são. Nos Estados Unidos, a combinação de alta eficiência, baixos custos de produção e estímu - los atipicamente fortes devem fazer com que a economia mostre não apenas uma recuperação relevante após o choque de 2020, mas também inicie um novo ciclo de crescimento. A China, da mesma forma, deverá mostrar expansão importante. A retomada nos Estados Unidos e na Ásia, por sua vez, implica um me- lhor desempenho europeu. O resultado deverá ser a continuidade da alta dos preços de com- modities, beneficiando países exportadores. Este impulso externo deverá favorecer o Brasil, cuja economia é historicamente depen- dente dos preços de matérias primas. Além dis- so, a moeda está cerca de 50% mais desvalori- zada em termos reais que a média dos últimos 30 anos. Com preços internacionais altos, produção agrícola recorde e câmbio favorável para o ex- portador, a expectativa é que a balança comercial continue superavitária e contribuindo com a sa- ída da recessão. Além dos fluxos de comércio, é provável que o ingresso de capitais e investimen- tos continue seguindo a ampla liquidez global. Do ponto de vista local, há também estí- mulos relevantes. Mesmo com o início do pro- cesso de normalização da taxa de juros, os ní- veis ainda são baixos para padrões históricos e beneficiam os setores sensíveis a crédito. Com exportações em alta e juros baixos, os mercados de trabalho e de crédito devem reagir de modo defasado. O emprego formal já mos- tra boa recuperação e os empresários mantém a confiança na contratação. Da mesma forma, a retomada da economia reduz o risco de novas operações e permite que o crédito acompanhe e reforce o ciclo de negócios. No ambiente político, a volta da atividade e o andamento da vacinação devem evitar crises mais agudas de governabilidade. Na mesma li- nha, mercados financeiros, desemprego, equipe econômica, TCU e maior competitividade elei- toral inibem uma guinada populista na admi- nistração econômica e o abandono da agenda reformista no Congresso. De fato, a estratégia utilizada entre 2006 e 2014 de controlar tarifas públicas, elevar gas- tos e interferir nas decisões do Banco Central já mostrou que possui custos econômicos, sociais e políticos expressivos. Ainda mais agora, com dívida pública e desemprego já muito altos. O pior que poderia acontecer para o Congresso e Executivo neste momento é uma combinação de desemprego e inflação em alta, repetindo o quadro de 2015. Vacinação, crescimento global e respon - sabilidade na gestão econômica são, portanto, motores que deverão impedir um novo mergu- lho recessivo no Brasil. Pode não ser um quadro exuberante, mas é preciso evitar que o excesso de pessimismo leve a decisões erradas.

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