Anuário da Indústria de Implementos Rodoviários 2021
59 A inda que em meio a uma crise sanitá- ria sem precedentes, alguns cenários expostos no horizonte de 2021 pro- movem certo alento para os atores do setor de implementos rodoviários, embora este- jam diante de uma conjuntura repleta de desa- fios. Se, por um lado, há demanda aquecida de grandes clientes, por outro, produzir ficou mais caro e complexo. No campo, recentes estimativas da Conab, Companhia Nacional de Abastecimento, é de colheita de mais uma supersafra. Na série de levantamentos, a projeção contabiliza produção acima de 272 milhões de toneladas de grãos, o que representaria um crescimento de 6% em re- lação à temporada 2019/2020. Ao mesmo tempo em que as máquinas tra- balharão mais, aumentará também a área plan- tada em torno de mais de 68milhões de hectares, 3,6% superior à extensão territorial anterior. Nas projeções preliminares, o impacto das colheitas nos portos será recorde, especialmente no caso da soja, com previsão de embarque de 86,1 mi- lhões de toneladas, um aumento de 3,7%. Nos canteiros fora de estrada, o setor de mi- neração segue com a continuidade de investimen- to previsto de US$ 34 bilhões no País até 2024, conforme dados do Ibram, Instituto Brasileiro de Mineração, organismo que reúne as mineradoras responsáveis por 85% da produção nacional. Pelas projeções, depois de crescer mais de 2,5% com 1 bilhão de toneladas produzidas em 2020, espera um desempenho melhor com a recuperação das economias doméstica e global. Na construção civil, a cena de recuperação promete se repetir. Dados da Câmara Brasileira da Indústria de Construção revelam um aumen- to de 6,4% no número de trabalhadores com carteira assinada, para mais de 138 mil vagas formais. Pelas estimativas, o setor espera alta no PIB da construção de 4% em 2021 que, se realizada, será a maior expansão desde 2013, trajetória que deverá gerar mais de 150 mil em- pregos. A pandemia mudou hábitos e alavancou a distribuição de carga urbana. Depois de experi- mentar um salto de 68% em2020, o e-commerce espera para 2021 novo crescimento de 26%, para um faturamento em torno de R$ 110 bilhões, de acordo com levantamento da Ebit/Nielsen. Analistas entendem que será um ano de crescimento para a indústria de implementos, principalmente pelo agronegócio, que dá sinais de que continuará em ascensão. Existem também boas expectativas em relação às concessões, que demandarão mais de R$ 10 bilhões em obras de infraestrutura. Agrega-se ainda a evolução do comércio online, que veio para ficar e ajuda na manutenção dos volumes tanto de semirreboques, nas operações das fábricas aos centros de distribuição, quanto de carrocerias sobre chassi, para a distribuição. Para Rogério Mallmann, diretor executivo da Abrafort, Associação Brasileira dos Distribui- dores Rodofort, as oportunidades vislumbradas em 2021 prometem um aumento por volta de 10% nas entregas de implementos pesados, com emplacamentos em torno de 72 mil unidades. “No planejamento, se espera boa saída das linhas graneleiras, basculante, sider, baús e pe- didos mais modestos por conta de sazonalidade para setores madeireiro e canavieiro”, resume o representante da Abrafort. “Mas este ano também carrega represamento da carga industrial, que agora experimenta uma demanda considerável.” O cenário que a princípio se revela favorá- vel, no entanto, pode se tornar o maior desafio da indústria de implementos para 2021. Asso- ciada à demanda crescente de diversos setores econômicos, a pandemia desarticulou a logísti- ca de fornecimento global. O ambiente da cadeia produtiva passou a enfrentar atrasos nas entregas de insumos e aumento de custos de matéria-prima, que pro- vocam inflação, o que pode fazer com que o ge - rador de carga não consiga fechar a conta. Há quem já tema que o segundo semestre pode ser pior do que o primeiro caso a inflação gerada seja transferida para a ponta do consu- mo e o transportador deixar de comprar. De qualquer forma, a carteira de pedidos da indústria de implementos para o primeiro semestre está praticamente concluída. Resta saber se, mais para a frente, setor conseguirá se manter com a alta nos custos e, ainda assim, preservar a rentabilidade.
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