Anuário da Indústria de Implementos Rodoviários 2021

65 Queda na taxa de juros e alterações nas condições praticadas pelo BNDES também con- tribuíram com o esvaziamento pela procura do Finame. Hoje, basicamente é operado a partir de duas opções, a TLP, Taxa de Longo Prazo, ou a TFB, Taxa Fixa do BNDES. De maneira simplista, a composição da taxa resulta do IPCA mais um valor fixo e os spreads do banco intermediário e do BNDES. Ainda pro- porciona benefícios como isenção de IOF, Im- posto sobre Operações Financeiras, parcelas que diminuem ao longo do financiamento. Em contraponto ao Finame, o CDC, Cré- dito Direto ao Consumidor, passou a ter maior representatividade nos negócios. O balanço de 2020 da Anef, Associação das Empresas Finan- ceiras das Montadoras, ajuda a dimensionar a relevância na preferência do consumidor no momento de adquirir o bem. No ano passado, amodalidade totalizou R$ 282 bilhões no saldo das carteiras, uma alta de 11,2% no confronto com o ano anterior, quando encerrou o período com R$ 253,6 bilhões. “O Finame ainda se mostra como uma mo- dalidade importante para financiar o negócio de transporte. Mas o CDC é bem mais simples e as taxas costumam ser atraentes, semelhantes às do Finame, além do investidor ter certeza de que terá o bemmais rápido”, pontua Luiz Carlos Cunha Júnior, diretor comercial da Truckvan. No CDC, o transportador trata diretamente com a instituição que concede o crédito. A de- pender do banco, pode encontrar planos acima de 60 meses com as parcelas iniciais do contrato reduzidas, alémde permitir pagamento de parce- las adiantadas, o que promove redução nos juros. “Mesmo no ambiente atual, que indica aumento na Selic, a taxa de juros ainda deve se manter baixa, mantendo o CDC como a melhor solução para o transportador”, diz Alves Júnior, diretor comercial da Rodofort. “Mas também o consórcio se mostra uma ferramenta interessan- te tanto nos bons quanto nos maus momentos.” A modalidade lembrada pelo diretor da Rodofort realmente tem ganhado terreno no ne- gócio de transporte. No ano passado, o sistema de consórcio no segmento de veículos pesados, o que inclui reboque e semirreboques, obteve o melhor resultado dos últimos 15 anos. De acordo com os dados da Abac, Associa- ção Brasileira de Administradoras de Consór- cio, as vendas de novas contas saltaram 14,7% de 2019 para 2020, de 94,8 mil para 108,7 mil. O volume de crédito negociado superou R$ 21 bilhões, uma alta de 37,6% sobre os R$ 15,2 bi- lhões comercializados em 2019. “O consórcio é uma ferramenta de planeja- mento e poupança, mas também é capaz de ate- nuar impactos em tempos de crise e fazer gor- dura quando o mercado vai mal”, reforça Ferri, da Random. “É antes tudo uma carta de crédito, não necessariamente o bem. Pode servir para a alavancar a empresa, uma alternativa para fazer capital de giro.” A locação começa surgir no setor de transporte como mais um modelo de negócio. A modalidade ain- da se encontra muito nas mãos de grandes frotistas ou mesmo empresas focadas em terceirizações de equipa- mentos. Fabricantes, no entanto, já se estruturam para atuar na área. A Truckvan, por exemplo, entende que há um nicho a ser explorado. “Embora o transportador ainda seja um patrimonialista, conta com o bem para encerrar o ciclo de investimento com a venda do usado, ele começa a pensar fora da caixa”, observa Luiz Carlos Cunha Júnior, diretor comercial. O representante da fabricante lembra que o valor da locação não entra como despesa no balanço financeiro, o que reduz o imposto de renda, não há necessidade de entrada, se livra de equipamento ocioso e de uma dívida, caso a opção fosse pelo financiamento. Normalmente, os contratos são de até cinco anos, com a possibilidade de devolução ao final do prazo ou mesmo a compra do bem, o que se configura como um leasing operacional. “Para o fabricante é alternativa que precisa ser bem analisada, pois há risco de concorrer com o próprio cliente, além de ter que abrir um canal de usados também.”, pon- dera Wilson Ferri, diretor comercial da Randon Implemen- tos. “Pode-se ganhar por um lado e perder por outro.” Contrata, usa, devolve ou compra

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