Anuário da Indústria de Implementos Rodoviários 2021

75 A o contrário da oferta que já ocorre na indústria de caminhões, na qual os contratos de manutenção já se apre- sentam como mais um argumento de venda para apoiar o negócio de transporte, na de implementos rodoviários ainda é um produ- to em formação. Diferentemente de veículo dotado de trem de força e de todo o conjunto periférico, reboques, semirreboques e carrocerias sobre chassi têm concepção mais simples. De ma- neira básica, exigem mais atenção os freios, as molas, a estrutura e o grupo rodante, cubos, pneus e rodas. “Há alguns exemplos de planos de ma- nutenção oferecidos pela rede de distribuição. Mas são pontuais, servem mais para o trans- portador de São Paulo poder fazer o serviço no Nordeste, por exemplo”, ilustra Sandro Tren- tin, diretor da Randon Implementos. “Ainda não conseguimos fechar uma conta que o clien- te esteja disposto a aceitar.” Um dos maiores obstáculos na elabora- ção de um modelo convincente e vantajoso para ambas as partes do negócio é a falta de rastreabilidade dos equipamentos. Implemen- tos rodoviários nem sempre estão atrelados ao mesmo caminhão, como também são frequen- temente usados em diferentes operações. “Ferramentas como contratos de manu- tenção que permitam planejamento a médio e a longo prazo são saudáveis e bem-vindas. Mas hoje pouco se sabe do ciclo de vida do equipa- mento depois de entregue, o peso que carrega, as estradas pelas quais trafega, os veículos a que são atrelados”, lembra Alves Júnior, dire- tor da Rodofort. “Existe um olhar a respeito, mas ainda não há um modelo.” A cena, no entanto, começa mudar com a tecnologia embarcada, em especial pela digita- lização. À medida que o implemento for rece- bendo recursos eletroeletrônicos, mais o equi- pamento ganha capacidade de processamento. “Sistemas ABS, de anti-tombamento e de estabilidade, por exemplo, ampliam o conjun- to de sensores e permitem agregar novas fun- ções”, pontua Trentin. Em 2019, a Librelato iniciou um projeto de carreta conectada que vai ao encontro de um modelo de plano de manutenção, mas ain- da se encontra em fase de consolidação. De acordo com José Carlos Sprícigo, CEO da fabricante, é necessário ter uma base ampla de usuários da conectividade que permita ge- rar dados para ofertar o que realmente o trans- portador precisa. “Se pudermos identificar e conhecer, por meio da conectividade, os padrões de uso dos implementos, aí sim poderemos oferecer algo que venha ao encontro das aspirações dos clientes”, conta Sprícigo. Eletrificação se apresenta como um outro um caminho que deve contribuir com a forma- ção de um modelo de plano de manutenção. Trentin, da Randon, lembra o conceito de semirreboque dotado de eixo elétrico apre- sentado na Fenatran de 2019. No caso, o im- plemento deixa de ser um mero equipamento puxado por um cavalo-mecânico para ajudar no tracionamento do conjunto. Diante de sis- temas mais complexos, também exigências maiores serão necessárias.

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