Anuário da Indústria de Implementos Rodoviários 2022

51 Implantar a modernização da gestão e colocar em prática um sistema sólido de governança corporativa em empresas de implementos, transportes e logística requer conhecimento de especificidades do setor e, principalmente, um olhar atento e compreensivo sobre as megatendências que afetarão todo o negócio. Nenhum processo de governança corporativa pode ser implementado como se fosse um produto de prateleira, pois cada caso é um caso, apesar de regras e princípios definidos para Governança Corporativa pelo IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa). Relembrando alguns desses princípios: “A Governança Corporativa é o sistema pelo qual as empresas são dirigidas, monitoradas e incentivadas com normas de relacionamento entre sócios, conselho, diretoria, órgãos de fiscalização, controle e demais partes interessadas. As boas práticas de governança corporativa convertem princípios em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor econômico de longo prazo da empresa, facilitando seu acesso a recursos e contribuindo para a qualidade da gestão da organização, credibilidade, longevidade e o bem comum. Possui como princípios básicos a transparência de informações e ações, tratamento justo e isonômico entre sócios e demais partes interessadas, prestação de contas e a ampla responsabilidade corporativa”. A evolução da gestão no setor Muitas empresas no setor de transportes e implementos têm origem familiar e iniciaram os negócios nas décadas de sessenta e setenta (algumas na década de cinquenta). Hoje, consolidam-se com a terceira ou quarta geração da família. Ao longo das últimas cinco décadas, muitas famílias empreendedoras se fortaleceram e diversificaram atividades, expandindo para a agroindústria, concessões e segmento atacadista, criando grupos controladores. Também é fato que alguns “impérios” familiares se desintegraram ao longo desse período, basicamente por falta de sucessão e ausência de planejamento estratégico. A profissionalização da gestão tornou-se fundamental para a sobrevivência dos negócios, independentemente se a gestão do grupo é feita pela família ou por profissionais de mercado. Uma nova fase Estamos chegando em um novo ciclo de tecnologia e desenvolvimento sustentável no qual os atuais motores a combustão conviverão por décadas com veículos elétricos, híbridos e células de combustível. A inteligência artificial, criptomoedas e a computação quântica serão tão naturais quanto a nova economia que surge no Metaverso, um mundo virtual ilimitado para experiências reais do cliente. Haverá formas diferentes de fazer negócios, em um modelo de transportes e logística que talvez não sobreviva no futuro. Tudo vai mudar, desde as demandas do consumidor até o modo de ganhar dinheiro. O modelo de governança e gestão precisa se adequar, estrategicamente, ao que vem pela frente e nesse ponto afirmo que boa parte dos grupos econômicos ainda não fez a lição de casa. Mais do que implementar processos confiáveis de governança e gestão, os comitês independentes de estratégia e risco assumirão papel importante. A prática de uma boa governança corporativa é fundamental para que a organização possa evoluir e criar valor para os acionistas, fornecedores, distribuidores, financiadores, colaboradores e consumidores. Por meio dela, a empresa tem o seu “Norte estratégico”, assegura o alinhamento dos interesses e os princípios estruturais e operacionais que garantem a confiança no negócio e nas pessoas. A governança corporativa deve fiscalizar a gestão, seja por conselho independente, seja pelo conselho familiar capacitado para isso, ou pela formação de um conselho misto, lembrando que, no caso da formação de um conselho de administração as responsabilidades de conselheiros são fiduciárias. Por fim, não menos importante, recomendo atenção ao pilar de sustentação das boas práticas de governança corporativa composto pelas normas de conduta e ética dos negócios, as quais, de agora em diante precisam conjugar, também, os verbos do ESG. Implementar as boas práticas de governança corporativa não requer mudança de valores e princípios familiares, mas a modernização da gestão, necessária para a sobrevivência dos negócios, irá aprimorá-los naturalmente.

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