40 ARTIGO | ARTICLE | ARTÍCULO As modificações em curso têm influenciado a localização das unidades produtivas, o engajamento das marcas, a competição – sobrepondo-se a união entre organizações concorrentes para suportar os vultosos investimentos –, a diversificação e a difusão de novos conceitos, bem como a comercialização e o marketing dos produtos. Em outras palavras, a estratégia dos negócios está sendo afetada por completo. Da montadora ao fabricante de componentes e peças, da distribuidora à rede de varejo, passando pelo segmento da reparação e de implementos rodoviários, todos já percebem as rupturas que batem à porta. Em meio a esse contexto, a pandemia da Covid-19 acelerou essas tendências e aguçou o comportamento das novas gerações que, embora não ignorem os veículos motorizados, reduziram o interesse pela propriedade e uso. O compartilhamento e a busca por alternativas sustentáveis para o deslocamento nos principais centros urbanos abriram alternativas de negócios como a assinatura de veículos. No Brasil há oportunidades interessantes e parte delas já está na mesa. A continuidade do Rota 2030 pode assegurar investimentos em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P, D & I) para o desenvolvimento das novas tecnologias e a digitalização das empresas do setor. Em sua primeira fase, o Programa Renovar sinaliza para a substituição de caminhões, ônibus e implementos rodoviários com mais de 30 anos por modelos com menos tempo de uso. Além disso, a diversidade e a qualidade da nossa matriz energética tendem a permitir soluções, como o etanol e o hidrogênio verde, que nos permitiriam lugar de destaque no cenário mundial. Nesses termos, caberia ao governo assegurar condições econômicas adequadas, reduzindo o famigerado “Custo Brasil” e promover ações que reduzam a instabilidade econômica e a insegurança jurídica. O futuro da cadeia automotiva no Brasil pode ser alicerçado com base na prosperidade e protagonismo, apesar de em quase uma década a produção e a comercialização terem ficado muito aquém da capacidade de produção de 4,5 milhões de unidades. Entre 2015 e 2022, foram produzidas, em média, 2,5 milhões de unidades e comercializadas cerca de 2,1 milhões. Para 2023, as projeções reproduzem desempenho parecido. Enquanto a Anfavea projeta crescimento da produção de 2,2% (2,42 milhões), o Sindipeças vislumbra estagnação (2,37 milhões) em relação ao ano anterior. A história das próximas décadas ainda não foi escrita, porém. É possível traçá-la de maneira distinta. Com políticas e estímulos corretos, estratégias adequadas e aproveitamento do potencial que dispomos, poderemos declarar ao futuro que bate à porta: ‘seja bem-vindo”. (*) George Rugitsky é economista-chefe da ANFIR e diretor de Economia e Mercados do Sindipeças/Abipeças
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