ANFIR | 35anos

ANFIR | 35 anos 31 parceria com a Comissão de Desenvolvimento Industrial da Secretaria do Trabalho, Indús- tria e Comércio do Estado de São Paulo. Getúlio Vargas almejava economizar divisas diminuindo principalmente a impor- tação de veículos. As importações de veículos consumiram US$ 166 milhões em 1951, quantia superior ao que o País gastava com a importação de trigo e de petróleo, somados. Isso exigia do governo desembolso de quase US$ 100 milhões por ano, desequilibran- do drasticamente a balança de pagamentos. Daí dizer-se que a indústria automobilística brasileira nasceu na carroceria do caminhão. De 1957, quando a indústria foi criada, até 1960, os automóveis andaram na rabeira da estatística: dos mais de 321 mil veículos fa- bricados no período, quase metade (48,10%) eram caminhões, 35%, utilitários e só 16%, automóveis de passageiros. É pouco provável que Getúlio imaginasse que um dia o Brasil estaria entre os sete maiores fabricantes mundiais de veículos, com 31 fabricantes, 64 unidades fabris, gerando 1,5 milhão de empregos, faturando mais de US$ 110,9 bilhões anuais e uma produção acumulada de 71,2 milhões de veículos. Caminhões de cachaça Característica marcante da firma Oficinas Reunidas Ernesto Trivellato S.A. (Ore- tri) era sua capacidade operacional e velocidade na entrega de produtos. Em 5 de outubro de 1952 o jornal paulistano Correio da Manhã publicava matéria com foto, dando conta da entrega, no dia anterior, de 24 caminhões tanques encomendados pelo Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA). Com capacidade para 5,4 mil litros cada, destinavam-se ao transporte de cachaça, que seria transformada em álcool anidro. O combustível – como acontece nos dias de hoje – seria mistu- rado como aditivo antidetonante à gasolina. A determinação era de Getúlio Vargas, então presidente eleito por voto direto para o período 1951-1954, que um ano depois, em 3 de outubro de 1953, criaria a Petrobras. A Oretri vencera concorrência pública para a fabrica- ção dos 33 caminhões tanques, mas deveria correr para apres- sar a entrega, pois a safra de aguardente era relativamente curta e terminaria em dezembro. Os 33 veículos, segundo o jornal, foram entregues em 38 dias. O prazo final da entrega fora marcado para 14 de outubro. Os 24 primeiros caminhões foram fotografados em frente ao Estádio Municipal do Paca- embu, na hoje Praça Charles Muller, com Ernesto Trivellato e seus colaboradores à frente da frota. As nove unidades res- tantes foram entregues antes do prazo final. O repórter de A Noite conta que visitara a fábrica onde as chapas de aço produzidas pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) eram cortadas e cilindradas antes de serem transportadas à outra fábrica da Rua João Rudge. Lá os tanques finalmente seriam montados, pintados, acabados e ins- talados nos caminhões. Na época a Oretri contava com 250 funcionários e engenheiros especializados, oriundos da Itália. Matéria no jornal Correio da Manhã, de 5 de outubro de 1952 Arquivo da família

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