ANFIR | 35anos

ANFIR | 35 anos 34 O Gasoduto Brasil-Bolívia, também conhecido como Gasbol, é um duto de transporte de gás natural de petróleo (GNP), sob alta pressão, da Bolívia para o Brasil. A construção, em 1999, custou US$ 2 bilhões e sua extensão é de 3.150 quilômetros, dos quais 577 km em território boliviano e os restantes 2.593, no Brasil. Acordado entre os dois países pelo Tratado de La Paz, de 1996, começou a ser construído em 1997 e foi concluído em 1999. Mas só em 2010 entrou em funcio- namento pleno, bombeando GNP a partir de Santa Cruz de la Sierra, passando por 135 municípios de cinco estados, até Canoas, na re- gião metropolitana de Porto Alegre (RS). No Brasil ele atravessa os es- tados do Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. cês, italiano e alemão – e a mãe Edite, que falava e escrevia em alemão, acompanharam Trivellato na sua jornada tecnológica. Ele visitou também a fábrica da Firestone em Acron e a de máquinas automáticas de solda da Linconl Welder que traria para suas sete fábri- cas: duas plantas em São Paulo, duas em Curitiba, duas em Belo Horizonte (Contagem) e uma no Rio de Janeiro. Yvonne conta que de Nova Iorque voaram para Wiehl, na Alemanha, para buscar parceria tecnológica com a Bergisch Achsen Fabrik, que produzia os melhores eixos da Europa. Trivellato, assegura a filha, foi pioneiro na fabricação de cegonheiros – semirrebo- ques para transporte de carros – e dos tip-top , engenhosas carrocerias que se inclinavam para o transporte de tratores e voltavam à horizontal quando a máquina avançava usando sua própria força. – Dos tempos duros de dinheiro curto passamos a ter vida de rainhas. Íamos para Europa todo ano. Quando me casei, em 1º de maio de 1962, a Trivellato inaugurava mais uma fábrica em São Paulo, na Casa Verde. Meu presente de núpcias foi uma viagem à Europa que durou um ano – disse Yvonne, segundo quem a empresa continuou crescen- do e se modernizando, com concessionárias e revendas em todo Brasil. Gás sufoca o império Mas para Yvonne o fim do império Trivellato deveu-se à boa-fé do seu pai no governo militar. O desastre da empresa – segundo ela uma das mais sólidas do País – iniciou-se a partir dos anos 1980, no governo do general João Batista Figueiredo, ex-chefe do SNI – Serviço Nacional de Informação do governo Geisel. O ministro da fazenda era o economista Antônio Delfim Neto. Trivellato acreditou nas promessas do governo e des- viou-se do foco dos semirreboques e carretas para se enfronhar na produção de tubos para o Gasoduto Brasil-Bolívia. Desde a década de 1930 que Bolívia e Brasil negociavam a comercialização de petróleo e ensaiavam fazer o mesmo com o gás natural. Em 1973 e em 1979 – um ano após a posse do general Figueiredo – o mundo passa por dois novos choques do petróleo. Os produtores membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) elevam o preço do combustível para níveis exor- bitantes, o que estimulou setores do governo militar que sonhavam com implantação de um gasoduto a partir da Bolívia para suprir parte da importação de petróleo. Trivellato vai a Brasília, ouve as promessas do governo e, recorda Yvonne, começa a investir pesa- damente em uma nova fábrica destinada a produzir tubulação para bombeamento de gás sob alta pressão. – Papai foi ao Japão para encomendar chapas de aço espe- cial para gás, além de máquinas específicas para solda de tubos e apa- relhos de raio-X para verificação das emendas, pois, como ele dizia, com gás não se podia brincar – disse Yvonne, segundo quem as chapas japonesas eram

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