ANFIR | 35anos

ANFIR | 35 anos 35 tão espessas e pesadas que afundaram o piso da nova fábrica, na Freguesia do Ó, onde estavam estocadas. Trivellato investira pesado nesse projeto – que previa lucratividade milionária –, endividando-se em centenas de milhões de dólares, confiante nas promessas do governo. Mas a partir de 1983 os preços do petróleo voltam a cair. O governo abandona o projeto de construção do Gasoduto Brasil Bolívia, que só entraria em funcionamento trinta anos depois, em 2010, no governo de Fernando Henrique Cardoso. Yvonne conta que as chapas, por serem muito espessas e pesadas não prestavam para construção de caminhões tanques nem de semirreboques. Só serviam para tubos de gás, num projeto que se evapora no ar. Incapaz de cobrir o rombo astronômico das suas contas, parte em dívidas internacionais dolarizadas, de valor muito superior ao das fábricas de semirreboques e carretas e tanques –, Ernesto Trivellato vai à falência em 1986. – Foram dias muito difíceis, nem o governo federal nem o estadual honraram seus compromissos com a Trivellato: perdemos tudo – disse Yvonne. O ex-milionário Ernesto Trivellato teve de aceitar humildemente um pequeno salário, estipulado pela massa falida das suas empresas, mediante o compromisso de auxiliar no destrinchamento da falência. Ernesto Trivellato morreu em 1989, três anos depois de falir e nove depois de ter participado da segunda reunião de fundação da ANFIR, em 8 de agosto de 1980. Segundo consta em ata, Trivellato tomou a palavra para advertir aos presentes que a nova associação que nascia não deveria repetir os erros de associação semelhante, criada alguns anos antes em São Paulo, mas que não frutificou, tendo fechado as portas rapidamente por conta de desentendimentos entre seus associados. Pobre como quando chegou da Itália, Ernesto Tri- vellato foi sepultado no Cemitério do Araçá, em São Paulo. A massa falida pagou seu funeral. Dona Yvonne Trivellato, aos 78 anos, quatro filhos e nove netos. A fascinante vida do pai reuniu três elementos fundamentais à decolagem como importante industrial da sua época: trabalho duro, inteligência e sorte. Foto: L. A. Michelazzo