ANFIR | 35anos
ANFIR | 35 anos 39 Meio Quilo jogava de meia-direita, camisa 8, e foi contemporâneo do Pelé nos testes que fez no Santos Futebol Clube. Passou na chamada peneira, mas não foi para o clube que seria o melhor do mundo nos anos seguintes: nem o pai nem a mãe, Dona Cleuza, queriam que saísse de Mogi. “Na verdade tem uma zona cinzenta aí, nesse pedaço da história. Não está bem explicado se foram mesmo meus avós que não deixaram meu pai ir para Santos, ou se ele ficou em Mogi porque já estava apaixonado pela minha mãe”, conta Francisco, lembran- do também que na época havia muito preconceito contra jogadores de futebol. O que se pode provar é que realmente Meio Quilo era bom de bola, tanto que mereceu até matéria de capa, com foto, na Gazeta Esportiva –a bíblia dos esportes na época. “Acho que vem daí o amor que o Danilo e eu temos pelo esporte”, diz Francisco, formado em educação física, mas, como o pai, o jovem Meio Quilo, também só trabalhou fora de casa metade do tempo: de manhã dava aulas de educação física e na parte da tarde cuidava da fábrica de carrocerias. Ficou nessa vida até que, já casado, sua esposa Luciana engravidou do primogênito Matheus. Francisco enterrou seus sonhos de personal trainer e assumiu a fábrica em tempo integral, do mesmo modo que o pai, que, na juven- tude, enterrara seus sonhos de futebol. “A vida não é feita de sonhos, mas quase sempre de trabalho duro. Nem tudo é o que a gente gostaria e acredito que também nada é por acaso. Meu destino não era ser personal trainer”, filosofa Francisco, ainda um apaixonado por esportes: joga tênis, faz trilhas de bicicleta – 70 km em um fim de semana –, surfou quando era bem jovem, mas parou com as aulas de que tanto gostava. “Meu negócio mesmo é carroceria!”, diz, revelando que ainda guarda o Livro de Ponto dos empregados da fábrica de João Garcia, o avô, que morreu em março de 1987, aos 73 anos. Carroça de pães fabricada pelos Garcia Acervo da Garcia
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