ANFIR | 35anos

ANFIR | 35 anos 63 de tudo. Mais para frente o Randon começa a produzir em série, instala linha de mon- tagem. Ou seja, o Raul Anselmo Randon é o Henry Ford do implemento brasileiro. Foi o primeiro a fazer a fábrica rodar em linha de montagem – sistema adotado posteriormente pelos concorrentes – e não mais sob encomenda”, ilustra Lino Biselli, ressaltando que por conta da economia de escala os preços da Randon eram muito menores que os dos produtos sob encomenda feitos em São Paulo. Lino conta que seu pai era muito atirado tecnicamente – mas não comercialmen- te – e contava com a colaboração de um diretor técnico, o engenheiro de origem húngara Sandor Simon Colosvari. “Era um gênio. Se tínhamos um problema técnico, no outro dia ele chegava com a solução, parecia que não dormia. Seu defeito era não se preocupar com o custo e velocidade do processo, em como produzir aquilo”, afirma Lino, cujas pri- meiras tarefas na empresa, ainda como estagiário, eram exatamente fazer a “faxina” nos projetos do engenheiro Sandor para deixar o processo mais rápido e mais barato. Tanques de guerra A Biselli acabou se direcionando para nichos especiais. Nos anos 1970 a Biselli começou a fabricar tanques de gás, depois equipamentos especiais para o Exército Bra- sileiro: caminhões anfíbios, tanques de guerra. Fez o primeiro tanque de guerra sobre es- teiras do Brasil, o X1, em seguida o X1 A2, ambos na metade dos anos 1970, com motores Scania-Vabis, diesel, de seis cilindros. Depois a Biselli fez alterações nos tanques Sherman, americanos, tirando motores a gasolina e substituindo-os por motores V8 Scania, diesel. “Fizemos também o Carro Armado Anfíbio (Camanf), cópia de um anfíbio americano, tração 6 x 6, motor Detroit Diesel, transmissão GM. Tinha capacidade para 59 soldados e alcança- va velocidade de 72 quilômetros por hora em terra’’, destaca Lino Biselli. Centopeia e volta à Itália Nessa época a Biselli também passou a fazer as centopeias, as carretas espe- ciais para cargas enormes e superpesadas, como rotores de turbinas, transformadores, módulos de off-shore . Esses veículos tinham direção e suspensão hidráulica. “A Biselli foi se direcionando também para cargas especiais, refrigeradas, tanques. Parou de fazer semirreboque para cimento, basculantes, furgões, cegonhas para transporte de automó- veis, carro-forte, papa-filas.” Os papa-filas eram semirreboques encarroçados como ôni- bus, puxadas por um cavalo-mecânico – quase sempre um Alfa Romeo FNM. “Meu pai ganhou dinheiro até 1974, depois da primeira crise do petróleo passou a perder. Coincide justamente com o período em que a Randon desponta fortemente com sua linha de produção. Mas nos bons tempos a Biselli tinha cinco fábricas só no bairro do Ipiranga e mais de seiscentos empregados”, conta Lino, que recorda que depois da morte de Acchile, na divisão da empresa entre os remanescentes, a Biselli Nordeste ficou com sua tia Ema. “Os homens morreram todos e minhas tias Ema e Anna voltaram para a Itália e hoje vivem em Piacenza, onde nasceram. Estive com elas recentemente. Anna casou- -se aqui no Brasil com um italiano que foi dono de uma transportadora especializada em asfalto. Ema permanece solteira.”

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