ANFIR | 35anos
ANFIR | 35 anos 71 Somente em 2001 a empresa se tornaria Noma do Brasil S/A. “Mas desde a oficina da Rua Guarani até hoje, o ‘CGC’ da empresa é o mesmo”, revela com orgulho o empresário que recentemente constituiu a Noma Indústria e Comércio de Implementos Rodoviários Ltda, uma empresa dedicada à fabricação de implementos rodoviários sobre chassi, como furgão, sider , caçamba, etc. Atualmente João Noma vislumbra área de 387 mil m² para futura ampliação da empresa. Porém, antecipa, nem tudo será fábrica. Cerca de 80 mil m² serão destinados para preservação ambiental, mais uma escola de formação profissional, capela e creche. A novidade do rodotrilho Em 1996, aos 50 anos, João foi procurado por um ferroviário aposentado. Viajara do Rio de Janeiro para Sarandi para apresentar ao empresário a ideia e o rascunho de um semirreboque capaz de trafegar tanto em rodovias quanto em ferrovias para o transporte de cargas e, portanto, provocar grande impacto para a economia. João lembrou que, anos antes, a Rede Ferroviária Federal havia pensado em importar esse tipo de semirreboque do fabricante norte-americano Wabash. Mas ficou só na tentativa, pois o custo era dema- siado alto e havia incompatibilidade com as ferrovias brasileiras. João ouviu com atenção o ex-ferroviário e gostou. E pensou em outro dos seus prin- cípios: “Todo homem tem que ser esperto, não malandro. Tem que ser ligeiro, decidir logo, chegar antes”. Por isso, não perdeu tempo. Dias depois, junto com um intérprete, embarcou para Oklahoma, nos Estados Unidos. Lá examinou minuciosamente o semirreboque bimodal e sem perder tempo voltou ao Brasil, onde gastou exatos 136 dias para projetar ele próprio e, em seguida, fabricar, com as adaptações necessárias, as duas primeiras unidades do que ficaria conhecido como rodotrilho. “E não é que deu certo!”, diz, divertindo-se com aventura. Para circular em ferrovias, o rodotrilho é acoplado a um truque ferroviário e tem seus pneus suspensos. A conexão entre cada semirreboque é feito por meio de um prático conjunto de engates. Pode-se formar composições com até cinquenta rodotrilhos, como se fossem vagões, conjunto capaz de atingir velocidade de até 70 quilômetros por hora. A repercussão econômica do rodotrilho é, de fato, significativa. Seu custo é qua- se 60% mais barato que o do transporte exclusivamente rodoviário. O sistema economiza em pedágios, combustível e pneus, além de dispensar o uso de silos para a armazenagem de cargas entre o transporte rodoviário e ferroviário. Isto sem falar na maior segurança e na redução do tráfego de carretas pelas estradas. O trabalho em primeiro lugar João Noma passa pouco tempo em casa. “Estou o dia inteiro na fábrica, das oito da manhã às sete da noite”. Ali, se necessário, é capaz de realizar qualquer um dos pro- cessos produtivos, porque conhece todos por experiência. Ele também dedica parte do seu pouco tempo de lazer ao Centro de Tradições Gaú- chas (CTG) em Rincão Verde, onde é conselheiro e chamado de “jaúcho”, mistura de japonês com gaúcho. “Gosto do CTG porque lá o pessoal, como os japoneses, cultiva a tradição, é sincero, autêntico, sem ostentação’’, diz Noma.
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