Por Tim Robertson, Chief Executive Officer da DHL Global Forwarding das Américas.
Recentemente, o CEO da OpenAI, Sam Altman, fez um apelo no X (antigo Twitter) por mais infraestrutura de inteligência artificial. Um dia depois, o Wall Street Journal informou que Altman buscava levantar até 7 trilhões de dólares com potenciais investidores para impulsionar a produção de semicondutores a um nível que aceleraria ainda mais essa tecnologia.
Desde então, o que não é de se surpreender, chama a atenção a enormidade da cifra que, para se ter uma ideia, equivale a cinco vezes o valor da frota atual de navios mercantes.
Esta notícia joga luz sobre três principais tendências e desafios que estão remodelando fundamentalmente a indústria logística.
1. Os "grandes jogos" do século XXI
Estamos vivendo em uma era de intensa competição geopolítica, com Estados Unidos, China e União Europeia disputando posição e vantagem como os três "centros de gravidade" do comércio global.
Tudo gira em torno de veículos elétricos e baterias; semicondutores, energia solar e energia verde. Nestes e em outros setores estratégicos, estamos assistindo governos regulamentarem e alocarem investimentos para proteger seus trabalhadores e indústrias domésticas, enquanto fazem a transição para as áreas que garantirão seu crescimento econômico no futuro.
O apelo de Altman para mais investimentos na produção de chips com certeza vai impactar o governo dos EUA, que está bastante consciente dos avanços de seus rivais. A preocupação será não somente não ficar para trás, mas também os riscos dessa empreitada para a segurança nacional. Porém, as leis fundamentais da economia e da vantagem competitiva indicam que o comércio continuará fluindo de mercados com custos de trabalho e produção mais baixos.
À medida que o mundo oscila entre a interdependência das cadeias de suprimentos globais e picos na produção doméstica, as empresas de logística precisarão, em tempo real, fornecer a flexibilidade, visibilidade sobre os fluxos de material e expertise em gerenciamento e design de rede de suprimentos que seus clientes precisam..
2. Resiliência
Altman argumentou em seu post no X que a infraestrutura de IAs em larga escala e uma cadeia de suprimentos resiliente são cruciais para a competitividade econômica. Desde a interrupção causada pela pandemia nas cadeias de suprimentos globais, a logística tornou-se um tema frequente nas reuniões corporativas, e a resiliência é a principal prioridade nessas discussões.
Adicionar redundância, planejar rotas e capacidades de contingência, redesenhar redes de suprimentos para estar mais próximo dos clientes ou dos locais de produção, alternar entre modos de transporte, manter níveis de estoque mais altos, diversificar fontes de fornecimento ou simplesmente aumentar a visibilidade do transporte em tempo real são diferentes formas de injetar resiliência na logística. A boa notícia é que os provedores desses serviços estão mais bem posicionados para identificar as abordagens que levem a um equilíbrio ótimo de custo, confiabilidade de serviço e qualidade.
Como em qualquer jornada em águas desconhecidas, a tentativa de aumentar exponencialmente a produção de chips, sem dúvida, encontrará obstáculos e desafios. A resiliência na cadeia de suprimentos para um projeto dessa escala exigirá a abordagem adaptável e flexível que nossa indústria aperfeiçoou nos últimos cinco anos, suportada pela evolução da tecnologia.
3. O paradoxo da sustentabilidade
Para alcançar as metas climáticas de Paris e as próprias ambições da indústria de zero emissões líquidas, é necessário ter mudanças significativas na tecnologia. A IA desempenhará um papel decisivo nisso, nos ajudando a descobrir novas soluções e materiais verdes que reduzem ou eliminam emissões, além de colaborar para a geração de insights que aceleram o desenvolvimento de veículos elétricos, combustíveis sustentáveis e outras alternativas limpas emergentes.
Uma das principais críticas feitas ao plano de aumentar a produção de semicondutores para acelerar a capacidade de processamento da IA é que seria prejudicial ao meio ambiente, por necessitar de uma quantidade imensa de energia e de outros recursos. No curto prazo, a cadeia de suprimentos - por meio de suas medidas de eficiência e otimização - oferece uma das ferramentas mais eficazes para mitigar a pegada ambiental desse tipo de expansão de infraestrutura de IA. No longo prazo, paradoxalmente, uma cadeia de suprimentos verdadeiramente sem emissões dependerá do tipo de avanço que apenas uma ampliação como esta pode proporcionar.
Independentemente do valor final de investimento necessário para realizar a visão ambiciosa de Altman (ele até cogitou corrigir a quantia para 8 trilhões de dólares em um post brincalhão posteriormente), está claro que o setor de logística e cadeia de suprimentos desempenharia um papel crítico para torná-lo um sucesso. Já estamos vendo o potencial da IA para transformar nossa indústria. Da mesma forma, a logística pode desempenhar um papel essencial em qualquer esforço transformacional em larga escala para expandir a IA.
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Por Manuel Bernardo, gerente comercial do Consórcio Librelato
O desempenho da economia brasileira está atrelado a uma série de variáveis. Uma delas é o transporte, principalmente o de carga, que movimenta a comercialização de produtos e matéria-prima. Neste cenário, o uso de veículos pesados e implementos rodoviários, são peças fundamentais para que o crescimento econômico seja uma realidade.
Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a expectativa é que a economia brasileira cresça 1,9% neste ano, número acima da estimativa oficial que foi de 1,8%, e o setor de transporte terá forte influência neste cenário. Já o Produto Interno Bruto (PIB) do transporte cresceu 2,6% em 2023, no comparativo a 2022. A elevação demonstra como o segmento tem apresentado bons resultados e interferido positivamente na conjuntura macroeconômica.
Seguindo a mesma linha de desempenho e reforçando o aquecimento do setor, o emplacamento de implementos rodoviários registrou elevação de 2,63% em 2024, de acordo com dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (ANFIR). Entre janeiro e abril deste ano foram emplacados mais de 30 mil produtos.
Para que o ramo de veículos pesados continue em ascensão é necessário que o acesso aos implementos pelas empresas e empreendedores seja facilitado, de forma que a demanda de mercado seja suprida. Atualmente, com a taxa Selic ainda elevada, alternativas como o consórcio, por exemplo, se tornam uma ferramenta vantajosa para a aquisição e renovação de frotas. Isso porque, a modalidade financeira é isenta de juros e oferece crédito a preços mais baixos, além de proporcionar a opção de pagamento de parcelas reduzidas. Com isso, o consorciado consegue adquirir o bem sem precisar recorrer ao financiamento ou a empréstimos, que encareceriam o produto.
Os dados da Associação Brasileira das Administradoras de Consórcios (ABAC) apontam para um crescimento de 7,7% nas cotas comercializadas no segmento de veículos pesados, em abril deste ano, se comparado com o mês anterior. No período, foram vendidas mais de 19 mil cotas e comercializados mais de R$ 3 bilhões em créditos. As informações da ABAC reforçam como o segmento acompanha o crescimento econômico e como a modalidade tem sido uma ferramenta capaz de alavancar o mercado de transporte, principalmente.
As expectativas são de que 2024 seja um ano positivo economicamente, entretanto, alguns fatores podem interferir no processo, como por exemplo, os juros altos. Assim, o consórcio, por não cobrar juros, é capaz de manter o poder de compra sem onerar o consumidor com taxas abusivas e conferir estabilidade ao setor. O aumento da procura pela modalidade, conforme apontado, é um indicativo de que ela continuará sendo vista como um meio de compra viável pelos brasileiros e, assim, irá fomentar cada vez mais as engrenagens da economia.
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Por Leandro Viegas, administrador, bacharel em Direito e CEO da Sell Agro.
O agronegócio é uma das principais engrenagens da economia brasileira, representando uma parte significativa das exportações do País. No entanto, o setor enfrenta desafios logísticos estruturais que afetam sua eficiência e competitividade no mercado global. Estes estão enraizados, principalmente na infraestrutura de transporte precária, nos altos custos logísticos, na dependência excessiva de modais menos eficientes e nas complexidades regulatórias. Aqui, quero aprofundar nessas questões, explorando os obstáculos e as estratégias para superá-los, com um olhar detalhado sobre as políticas públicas e as tendências tecnológicas que estão moldando o futuro da logística intermodal no agro.
O Brasil, com seu vasto território, enfrenta um problema crônico relacionado à infraestrutura de transporte inadequada. As estradas, muitas em condições precárias, ferrovias limitadas e uma integração fluvial insuficiente compõem um cenário desafiador. A eficiência dessa modalidade de transporte, que depende da integração entre diferentes tipos de transporte como rodoviário, ferroviário, aquaviário e aéreo, é diretamente afetada pela qualidade da infraestrutura disponível.
A precariedade das estradas aumenta os riscos de atrasos e danos às cargas, enquanto a capacidade limitada das ferrovias e o subaproveitamento das vias fluviais limitam as possibilidades de optar por modais que poderiam ser mais econômicos e eficientes para o transporte de grandes volumes de produtos agrícolas. Esses fatores não apenas oneram as empresas, mas também estendem os prazos de entrega, reduzindo a competitividade dos produtos brasileiros no exterior.
Os custos com o transporte são significativamente altos, exacerbados pelas longas distâncias entre os centros de produção agrícola e os principais portos ou mercados consumidores. A predominância do transporte rodoviário, mais caro em comparação com os modais ferroviário e fluvial, aumenta ainda mais esses números. Além disso, os portos e terminais sofrem com gargalos operacionais que incluem a falta de eficiência nas operações portuárias e procedimentos burocráticos lentos. Esses atrasos resultam em janelas de entrega perdidas e podem afetar negativamente a frescura e a qualidade dos produtos agrícolas destinados à exportação.
A complexidade regulatória e os trâmites burocráticos constituem barreiras adicionais que também dificultam desde o planejamento logístico até a execução das operações de transporte e exportação. A lentidão na liberação de licenças e a alta carga tributária são exemplos de como as regulamentações podem impedir a eficiência logística.
Outro ponto que merece atenção, está relacionado à sustentabilidade. Esta que se tornou um critério fundamental para as operações. Empresas do setor estão cada vez mais investindo em modais de transporte sustentáveis e em tecnologias que reduzem o impacto ambiental de suas operações, como o transporte ferroviário e aquaviário, bem como investimentos em veículos e embarcações movidos a fontes de energia renováveis ou menos poluentes. A melhor integração entre diferentes modais de transporte permitirá uma movimentação de cargas mais fluida e eficiente. Essa mudança reflete não apenas uma resposta às demandas regulatórias e sociais, mas também um compromisso com a preservação ambiental como um componente essencial da viabilidade a longo prazo do setor.
Impacto das políticas públicas - Em resposta a esses desafios, diversas políticas públicas têm sido implementadas com o objetivo de melhorar a infraestrutura de transporte e reduzir os custos logísticos. Programas governamentais, como o de Investimento em Logística (PIL), e parcerias público-privadas voltados para a construção e manutenção de estradas, ferrovias, portos e hidrovias têm sido fundamentais para melhorar a infraestrutura existente e expandir a capacidade de movimentação de cargas. Além disso, a alocação de recursos financeiros, tanto do orçamento público quanto por meio de parcerias público-privadas (PPPs), tem impactado diretamente a capacidade de movimentação de cargas.
Incentivos fiscais e financeiros para investimentos em infraestrutura logística e inovação tecnológica também têm sido fundamentais para estimular a modernização e expansão da capacidade. Estas políticas incluem desonerações fiscais, linhas de crédito com juros subsidiados para a compra de equipamentos e veículos mais eficientes, e foco em sistemas de gestão logística, que têm estimulado as empresas a investir em equipamentos e veículos mais eficientes. Essas medidas são essenciais para a modernização da frota e para a expansão da capacidade do setor.
Outro elo importante para avançarmos nesse cenário está diretamente ligado ao avanço contínuo da infraestrutura logística, e que felizmente já está acontecendo. As empresas estão investindo significativamente em tecnologias de informação e comunicação para aprimorar a gestão da cadeia de suprimentos. Sistemas de rastreamento de carga, gestão de frota, e planejamento logístico avançado estão transformando a maneira como elas são monitoradas e gerenciadas.
A implementação de sistemas eletrônicos para a gestão de processos logísticos e aduaneiros tem reduzido a burocracia e os tempos de espera, com sistemas de janela única para o comércio exterior facilitando o processo de exportação e importação. Além disso, investimentos em soluções tecnológicas como Internet das Coisas (IoT), Inteligência Artificial (IA), blockchain e big data estão revolucionando a forma como as cargas são rastreadas e gerenciadas, promovendo uma gestão mais eficiente e transparente.
Olhando para o futuro, à medida que o agronegócio brasileiro avança na melhoria da logística intermodal, é crucial a adaptação a mudanças regulatórias e o aproveitamento de políticas públicas para promover um desenvolvimento robusto e sustentável. Investimentos em tecnologia e infraestrutura, junto com parcerias estratégicas entre empresas, governos e instituições de pesquisa, são essenciais para explorar novos mercados e aumentar a competitividade global. Essas ações não só melhorarão a eficiência e a sustentabilidade do setor, mas também reforçarão a segurança alimentar mundial e a posição do Brasil no comércio internacional de commodities agrícolas.
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Por Elcio Rosa, diretor de Produtos e Tecnologia da Gestran, plataforma de gestão de frotas
O ano de 2024 reserva para a logística algumas tendências que considero decisivas para um salto de produtividade, eficiência e sustentabilidade ao setor. Enumero sete tendências, as quais detalho na sequência. De imediato, gostaria de chamar a atenção para alguns pontos
Importante reafirmar que o transporte de cargas continua a ser uma espinha dorsal vital para economias em todo o planeta. Não é diferente com o Brasil. Se almejamos estabelecer um crescimento contínuo de nosso Produto Interno Bruto (PIB), devemos priorizar nossa infraestrutura.
Emerge como elemento crucial a gestão eficiente de nossa frota de caminhões. O modal rodoviário responde por 75% do transporte de cargas no país. Uma gestão eficiente, que inclua automação, conectividade e outras inovações é fundamental para garantir a eficácia, a sustentabilidade e a competitividade das operações logísticas.
Felizmente, neste ano várias tendências inovadoras estão redefinindo o panorama da gestão de frotas de caminhões, impulsionadas por avanços tecnológicos, exigências regulatórias e uma crescente demanda por práticas mais sustentáveis e eficientes.
Vamos, então, às sete tendências propriamente ditas:
- Eletrificação de frotas de caminhões: um caminho sustentável A transição para caminhões elétricos está se acelerando, motivada pela necessidade de reduzir emissões de gases do efeito estufa, e atender a regulamentações ambientais mais rigorosas. Além dos benefícios ecológicos, a eletrificação das frotas de caminhões promete reduzir significativamente os custos operacionais, visto que veículos elétricos requerem menos manutenção e têm um custo menor de energia comparado ao diesel.
- Tecnologia de conectividade e IoT: A adoção de tecnologias de Internet das Coisas (IoT) está transformando a gestão de frotas de caminhões, permitindo a coleta e análise de dados em tempo real sobre a condição do veículo, localização e comportamento do motorista. Essas informações possibilitam a otimização de rotas, manutenção preditiva e melhor gestão de recursos, elevando a eficiência operacional a novos patamares.
- Automação e veículos autônomos: A automação na gestão de frotas de caminhões está ganhando terreno, com o desenvolvimento e teste de veículos autônomos. Embora a adoção em larga escala ainda esteja no horizonte, o uso de tecnologias de assistência à condução já está melhorando a segurança e eficiência. A expectativa é que, à medida que essas tecnologias amadureçam, elas transformarão significativamente as operações de transporte de cargas.
- Gestão avançada de dados e análise preditiva: A capacidade de analisar grandes volumes de dados em tempo real está permitindo uma gestão mais inteligente de frotas de caminhões. Utilizando algoritmos de análise preditiva, as empresas podem prever problemas de manutenção antes que ocorram, otimizar rotas de entrega e melhorar a eficiência do combustível, resultando em economias significativas e redução do impacto ambiental.
- Sustentabilidade e eficiência energética: A pressão por operações mais sustentáveis está levando a uma ênfase renovada na eficiência energética dentro da gestão de frotas de caminhões. Isso inclui a implementação de tecnologias limpas, como caminhões elétricos e híbridos, e a adoção de práticas que reduzem o consumo de combustível, como treinamento de motoristas para dirigir de forma mais eficiente e o uso de pneus de baixa resistência ao rolamento.
- Segurança e bem-estar do motorista: A segurança continua sendo uma prioridade máxima, com empresas investindo em tecnologias avançadas de assistência ao motorista, sistemas de monitoramento por vídeo e programas de treinamento focados na saúde e bem-estar dos motoristas. Essas medidas não apenas ajudam a reduzir a taxa de acidentes, mas também abordam questões importantes de saúde mental e física dos motoristas, essenciais para a retenção de talentos.
- Flexibilidade e resiliência logística: O ambiente de negócios em constante mudança exige que as frotas de caminhões sejam mais flexíveis e resilientes. A gestão de frotas está se adaptando com soluções que permitem uma rápida reconfiguração das operações de transporte em resposta a interrupções na cadeia de suprimentos, demanda flutuante e mudanças nas regulamentações. Isso inclui a diversificação de rotas, a adoção de tecnologias.
Como se vê, a tecnologia está diretamente relacionada a todas essas tendências. É chegado o momento de darmos um passo rumo à transformação digital da logística, em todos os elos e fluxos envolvidos.
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